quarta-feira, 27 de abril de 2011

Shows no Brasil - Chega de "Pulserinhas"!!

Já estou há algum tempo pra postar alguma coisa, então, finalmente aconteceu o chamado! Estava eu lendo a edição de março/2011 da Revista Rolling Stone (edição 54), quando me deparei com um artigo bem interessante. A coluna Vida Pop, do colunista Miguel Sokol, trazia como título "VIP: Very 'Istupid' People", o qual reproduzirei abaixo, para uma discussão.

"Eu recebi uma denúncia pelo Twitter: os ingressos de camarote para o show da Amy Winehouse no começo do ano, em Florianópolis, prometiam acesso à área da primeira fila, mas na hora H os tais camarotes eram laterais. Logo à frente do palco havia o quê? O quê? O quê? Uma infame área VIP, claro. Este não é o único relato recente da falta de noção VIP. No ano passado, meu informante Bubba foi testemunha ocular da escolta que acompanhou Roberto Justus ao show de Paul McCartney, em São Paulo. Então o Paul que é o Paul sabidamente anda de metrô desacompanhado, mas o Justus precisa de escolta em um show de rock?

Agora que o Brasil tem festivais estabelecidos e recebe inúmeras atrações internacionais, não estaria na hora de acabar com essa palhaçada? Eu não entendo a lógica dessas áreas VIPs. Porque o dissimulado Emílio Rubens trai a inocente Antônia Roberta no horário nobre da televisão os atores que interpretam esses personagens têm o direito de ficar com a cabeçona na nossa frente? Tenha dó! Se a própria fama assusta as celebridades, conheço uma maneira de assistir a um show com segurança e toda sorte de drinques, acepipes e até banheiro privativo: compre um DVD!

Mas isso custa e o VIP brasileiro não gasta um centavo. Ele “descola a pulseirinha na faixa” porque conhece o patrocinador ou o organizador ou o amigo do sobrinho de alguém, mas o músico que vai subir ao palco, a carreira dele, isso o famosão não conhece, não. Se conhecesse, o Brasil venderia pacotes VIPs como os comercializados nos Estados Unidos. Lá, por US$ 800, a Christina Aguilera posa em uma foto com você antes de cantar. Já em um show do Bon Jovi, US$ 1.750 valem uma cadeira quase em cima do palco, com o logotipo da banda estampado em dourado no veludo vermelho do assento, que você leva para casa depois.

Mas aqui no Brasil esses pacotes não existem. Já se perguntou por quê? Eu já. Porque VIP brasileiro não é fã. Aliás, o show nem interessa a ele, é só um intervalinho entre o tapete vermelho da entrada e o da saída. Resumindo: o verdadeiro significado da palavra VIP é Very “Istupid” People. Desde sempre. Em 1963, os Beatles tocaram no Prince of Wales Theatre, em Londres, com a Rainha Mãe e a Princesa Margareth na plateia. A certa altura, John Lennon pediu a participação do público. “As pessoas nas cadeiras mais baratas, batam os palmas”, disse. “O resto apenas balance suas joias”. Se aquele show viajasse no tempo e no espaço para o Brasil em 2011, eu quase consigo ver o John pedindo para as pessoas nos assentos mais baratos baterem palmas, enquanto os outros, bem, esses poderiam balançar seus crachás de funcionários de televisão."

Está aberta a discussão, e dá pra falar bastante. Infelizmente, todos sabemos que isso acontece porque nos shows, espetáculos, bem como quase tudo no Brasil, tem aquela máxima: você tem que conhecer alguém, que conhece alguém, que vai te descolar alguma vantagem. E olha que eu nem entrei ainda na questão dos preços dos ingressos pros shows na Terra brasilis. Mas isso é assunto para outro post.

3 comentários:

  1. Bem, vamos la... Pra mim, antes de qualquer coisa, é preciso fazer uma importante distinção entre artista e celebridade. Sim, porque, nesse país, criou-se o hábito de se usar a ignorância do grande publico confundindo as pessoas no que diz respeito à artista e celebridade. Coisas bem distintas!
    Quanto à discussão das pulseirinhas, penso que, na medida em que um idiota para uma celebridade pra tirar foto, compra revista inútil e acompanha fatos irrelevantes em função de uma pseudo informação, obviamente que isso cria uma tendência a que a maioria acredite que é o máximo estar entre (ou quem sabe próximo) os tais VIP’s em um evento qualquer. O mais engraçado é que, mesmo parecendo discurso socialista, na verdade esses indivíduos estão lá, colocando suas cabeças na frente de outras menos favorecidas, apenas pelo simples fato de ser, também, parte do show.
    Se formos refletir com mais carinho, podemos perceber que isso acontece bem mais em shows que tendem ao pop do que em outro tipo de evento.
    Enfim... A verdade é que, culturalmente falando, damos mais valor a um lugar quando percebemos a presença de celebridades. Um evento que me vem à mente nesse momento é o tal BAILINHO aqui no Rio. Freqüentado por uma maioria composta de idiotas que pagam caro, freqüentam filas enormes que consomem horas de seu tempo, pra assistir, de perto, a dança de celebridades que entram sem freqüentar filas e bebem sem pagar. Um pouco de reflexão não faz mal a ninguém.

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  2. É muito triste que esse lance,de você ter q conhecer o primo do fulano que conhece o tio do organizador do evento, ja estar tão enraizado culturalmente no Brasil. E é por isso, pela cultura, que não vejo um panorama de mudanças tão cedo acontecendo, até porque todos os patrocinios estão tão ligados a emissoras "globais" que é dificil não ver um rostinho conhecido na sua frente.
    Texto excelente mesmo, falou tudo!

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  3. Sou contra a área VIP, mas não sou contra de o cara receber um ingresso por conhecer o Patrocinador ou por ser amigo de alguém da Banda.

    Vai dizer que vc nunca entrou de graça em um show por um desses motivos ?

    Certo é o Impostor do Pânico, que descola essas pulserinhas (falsas) e burla todo o sistema.

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